segunda-feira, 17 de agosto de 2009

A QUESTÃO DA MORTE


Através do pecado a humanidade conheceu a morte. Em Gn 2.17 é utilizada a expressão “certamente morrerás” para se referir ao julgamento que seria proferido caso os mordomos desobedecessem à ordem de não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal. Não se pretende, aqui, discutir nem mostrar os questionamentos da posição contrária, que defende a existência da morte mesmo antes do pecado, entendendo que a mesma faz parte da boa criação. Mas pretende-se afirmar a relação entre pecado e morte. Romanos 5.12 é muito claro nesse ponto: “... assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram”. Romanos 8.10 e 11 também é um bom texto:

Se, porém, Cristo está em vós, o corpo, na verdade, está morto por causa do pecado, mas o espírito é vida, por causa da justiça.

Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará também o vosso corpo mortal, por meio do seu Espírito, que em vós habita.

Corpo nessa passagem significa corpo físico, isso fica claro quando o versículo 11 fala que o corpo mortal será vivificado. Assim, quando o verso 10 fala que o corpo está morto por causa do pecado, se conclui que o pecado é a causa da morte física. Outro versículo elucidativo é 1Co15.21: “Visto que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos”. O assunto discutido por Paulo é sobre a certeza da ressurreição do corpo. Assim, ao contrastar morte com ressurreição fica claro que a morte só pode ser física, uma vez que o que é físico ressurgirá pelo poder do Espírito.

Por esses textos fica perceptível a relação que há entre a morte e o pecado, mas como a morte deve ser vista à luz da redenção? As Escrituras ensinam que Jesus veio ao mundo para conquistar e destruir a morte. A conquista da morte deve ser vista como uma parte essencial da obra redentora. Cristo redime o seu povo dos resultados do pecado – e não só do pecado – a morte é um desses resultados. Mas, a morte na ótica da redenção perdeu todo o seu poder. Paulo, escrevendo a Timóteo, diz que Jesus “...destruiu a morte, trouxe à luz a vida e a imortalidade”. Por isso a Nova Jerusalém descrita em Ap 21 como sendo a culminação adequada da obra redentora de Cristo, pois nessa cidade não haverá morte, nem luto, nem pranto e nem dor.

Mas um questionamento pode se levantar: se Cristo já venceu a morte, porque a morte física ainda é uma realidade? Bom, o entendimento deve ser que a inauguração do futuro ainda não promoveu a derrota final de Satanás nem reverteu a presença e os efeitos do pecado no mundo. Por meio da presença do Espírito Santo, os crentes já participam, ainda que incipiente e provisoriamente, das bênçãos futuras do Reino, muito embora a batalha espiritual continue e a vitória derradeira esteja assegurada. Sobretudo, a morte para o cristão não deve ser entendida como punição pelo pecado, pois Cristo é quem sofreu a punição; a morte para o crente é fonte de benção[1]. O Catecismo de Heidelberg em resposta à pergunta 42 diz: “A nossa morte não é uma satisfação de nossos pecados, mas é apenas um morrer para os pecados e entrar na vida eterna”. Por causa disso, Paulo pôde afirmar: “pra mim o viver é Cristo e o morrer é lucro” (Fp 1.21).

Deus abençoe a sua vida!

Nele, que venceu a morte e nos garantiu a vida!


Pastor Iury Guerhardt.

[1] HOEKEMA, A Bíblia e o Futuro. p.102.

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