quinta-feira, 19 de agosto de 2010

DISCIPULAR: FORMANDO AGENTES DE TRANSFORMAÇÃO

Certa vez o pastor Russell Shedd disse: “somos 25 milhões de evangélicos no Brasil, onde está o poder dessa multidão?”. Apesar do crescimento rápido do número de evangélicos, a transformação da sociedade para melhor não acontece, pois enquanto as igrejas evangélicas vão se enchendo de espectadores, estão ficando vazias de discípulos. Daí a importância de se pensar na formação de agentes de transformação.
A crise da igreja está relacionada com sua formação, o tipo de pessoa que ela está formando. “A igreja não muda o mundo quando gera convertidos, mas quando gera discípulos. Para preservar o fruto do avivamento e transformar a sociedade, a igreja precisa ir além de fazer convertidos e dedicar-se a fazer com que esses convertidos cheguem a maturidade” tornando-os agentes de transformação.
Para que os convertidos sejam formados em agentes de transformação é necessário um treinamento adequado. Este treinamento pode ser lento, chato, doloroso e de início imperceptível, contudo é a única maneira de gerar transformação na sociedade.
Quais são os elementos indispensáveis no discipulado para formar agentes de transformação?
I – ASSOCIAÇÃO
Acompanhamento pessoal, esta era a essência do programa de treinamento de Jesus: permitir a seus discípulos que o seguissem. Sem acompanhamento não há formação de discípulos. Jesus não oferecia uma educação formal, não fundou um seminário, não definiu um currículo escolar nem abriu matrículas para seus seguidores. Tudo o que Jesus fazia para gerar discípulos era trazer as pessoas para perto de si. Jesus pedia apenas que seus discípulos o seguissem. Somente depois de se associar as pessoas é que Jesus partia para a explicação que acontecia no dia a dia. Para Jesus a associação vem antes da explicação.
No convite para João e André, o modelo acima está claro: “Venham e verão” (Jo 1.39 – NVI). Filipe, motivado pelo “siga-me” que recebeu de Cristo, convidou Natanael com um sugestivo “venha e veja” (Jo 1.46 – NVI). No chamado de Pedro, Tiago, João e André, mais uma vez fica claro o chamado a associação “Sigam-me” (Mc 1.17; Mt 4.19; Lc 5.10). Mateus também recebe o mesmo convite para associação (Mc 2.14; Mt 9.9; Lc 5.27). Na presença de Jesus os discípulos poderiam aprender tudo que precisavam, mas primeiro precisavam estar na presença dele.
Hoje, a igreja acaba por inverter esta ordem, quer explicar antes de se associar as pessoas. A igreja quer explicar sem o acompanhamento pessoal. Enquanto não acontecer a associação, ou aproximação, as pessoas estarão distantes demais para entenderem o que está sendo explicado. Sendo assim, não haverá transformação sendo gerada nelas, muitos menos elas serão agentes de transformação na sociedade.
Quando é necessário separar doze homens do meio de uma multidão para prepará-los, Jesus deixa evidente que antes de pregar ou expulsar demônios aqueles homens precisavam associar-se a Ele: “Escolheu doze, designando-os apóstolos, para que estivessem com ele...” (Mac 3.14 – NVI). O tempo que Jesus investiu nos doze era muito maior do que dedicou a outras pessoas, o que mostra uma estratégia preestabelecida para prepará-los. Foi este acompanhamento pessoal que possibilitou o futuro ministério apostólico. O exemplo do Mestre nos diz que não é possível formar agentes de transformação sem associação ou acompanhamento pessoal.
O QUE HOJE ATRAPALHA ESTA REAL ASSOCIAÇÃO ENTRE O CRENTE ANTIGO E O NOVO CONVERTIDO?
II – CONSAGRAÇÃO
Para fazer diferença é preciso ser diferente! Não se forma agentes de transformação sem apresentar a necessidade de consagração total. A igreja não pode mudar esta mensagem se quiser formar agentes de transformação. Jesus esperava que as pessoas que andavam com ele fossem obedientes, não precisavam ser espertas, tinham que ser leais. Em um primeiro momento seguir a Jesus parecia ser fácil, mas depois o Mestre deixa evidente que ser seu discípulo envolvia muito mais do que aceitar alegremente a promessa messiânica, significava render a própria vida em absoluta submissão ao Senhor. Não há espaço para qualquer outro compromisso para aquele que deseja ser agente de transformação do Reino. Talvez a transformação da sociedade não acompanha o “crescimento” da igreja porque a mensagem de uma consagração total a Cristo e um rompimento radical com o pecado tem sido negligenciada.
O padrão de conduta de cada discípulo de Cristo passou a ser o amor em sua expressão mais perfeita (Mt 5.43-48), e este deveria manifestar-se numa atitude de obediência total a Cristo (Jo 14.21) e dedicação àqueles por cuja salvação ele morrera (Mt 25.31-36). Quantas pessoas entram para a igreja e continuam a carregar amargura e sentimento de vingança nos corações pelo fato de não renunciarem a si mesmos e consagrarem-se a Cristo? Quantos na igreja estão consagrados apenas ao que lhes agrada? O estar na igreja e não consagrar-se não leva ninguém a se tornar agente de transformação. Jesus deixou claro que tornar-se seu discípulo a renúncia do mundo é um preço inegociável: “qualquer de vocês que não renunciar a tudo o que possui não pode ser meu discípulo” (Lc 14.33 – NVI). O ser agente de transformação envolve um preço, e este é a consagração total a Cristo, aqueles que apenas fingiam assumir esta postura enfrentavam angústias e tragédia espiritual como foi com Judas (Mt 27.3-10; At 1.18-19). Jesus até entendia as falhas humanas de seus discípulos, mas ele não tolerava um coração dividido. O discípulo precisa morrer para ele mesmo a fim de viver em Cristo como agente de transformação.
III – DEMONSTRAÇÃO
Alguém já disse que “as palavras ecoam, mas os exemplos arrastam”. Não se forma agentes de transformação sem exemplos a serem seguidos. Se muitas pessoas têm entrado para a igreja, contudo, sem se tornarem agentes de transformação na sociedade, o motivo pode ser o da falta de exemplo, ou o que é pior, a existência de maus exemplos. Como pessoas recém convertidas vão se consagrar totalmente ao Reino de Deus se ao olhar para a vida dos membros da igreja não vêm como isso acontece? A vida do novo convertido acaba sendo o reflexo da vida dos antigos crentes.
Jesus, sabendo da importância da demonstração para a formação de seus discípulos, demostrou com atitudes como seus seguidores deveriam agir. Ele não pedia a ninguém que fizesse ou fosse alguma coisa que não tivesse primeiro demonstrado em sua própria vida. Tudo quanto Jesus dizia ou fazia era na verdade uma aula. As pessoas querem exemplos, não explicações. Mais do que falar de oração Jesus orava com os discípulos (Lc 9.18; Lc 22.39-46). Mais do que falar da importância da Palavra, Jesus fazia o uso do A.T. para demonstrar a importância da Palavra na vida cristã – Cristo faz 66 referências ao A.T. e mais de 90 alusões (Mt 5.17-19; Lc 4.17-21; Lc 24.27). Mais do que falar do amor às pessoas Jesus amava as pessoas (Jo 13.1; Jo 15.12; Mt 9.36-38; Mt 15.32; Lc 5.30-32).
Se é desejo da igreja formar agentes de transformação como Jesus é preciso que os novos convertidos tenham a instrução acompanhada da demonstração daqueles que fazem coro com o apóstolo Paulo: “Tornem-se meus imitadores, como eu o sou de Cristo” (1 Co 11.1 – NVI). Se os novos convertidos não estão sendo formados em agentes de transformação pode ser que a vitrine que eles possuem no momento esteja mal arrumada, porque eles reproduzirão aquilo que ouvirem e virem na igreja (Fp 4.9).
Se os novos convertidos não se tornam discípulos agentes de transformação, pode ser que a igreja se transformou no que não deveria ser, uma agencia de espectadores em vez de agentes de transformação.

Leitura Semanal:
Domingo: João 1.35-51
Segunda: Marcos 1.14-20
Terça: Marcos 3.13-19
Quarta: Lucas 14.25-34
Quinta: Lucas 9.23-26
Sexta: João 13.1-17
Sábado: 2 Timóteo 2.1-4

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